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Questionamentos

Entender é a palavra. Entender! Entender qual a força que nos une Ainda que guardemos, dentro de nós, tamanha intemperança. Os opostos se manifestam no mundo, Como metáforas aterradoras! São vales que desafiam montanhas Águas que da pedra brotam É a terra que, de suas entranhas, Através dos vulcões lavas soltam. São rios que, em suas torrentes, A desafiar a seca que se inicia, Vertem a água que propicia O verdejar do solo, em beleza envolvente. Florestas exuberantes, de infinita beleza Que, a despeito da serra que a fere, Há uma força intrínseca da vida que tudo gere E que sempre faz recuperar sua grandeza Entender, volto a palavra E não sei onde vou chegar Neste Brasil de miseráveis, de pessoas Esperançosas Há tantos vultos, gente mal-intencionada, viciosas que Para defender a igualdade, criam Divisão. Antes, éramos uma única nação. Agora, somos dezenas de grupamentos! Cada qual com sua espada, em regimentos A lutar na a

Palácio Imperial

De que lado começo meu poema? De que lado se, ao contemplar-te, não vejo senão escombros? — História viva transfigurada em cinzas. Não restou nada — nem mesmo para nossa nostalgia — Senão as tardes de domingo ensolaradas E a cor de sonho amarelo ocre de tua fachada! Foram-se os Príncipes, os Imperadores. Foi-se a Princesa! Já não mais saberemos como viveram os ícones de nossa história. Oh, que passado de glórias! Oh! Que presente de ruinas! Em tua fuligem um pouco de todos nós subiu aos céus, Na vertigem de destruição que nós próprios engendramos. Irresponsáveis que somos com o passado, Imperdoáveis que seremos para o futuro! Oxalá que tudo em ti fossem as sarças que, Ao fogo, não se consumiram! — Sagrado para o Brasil que eras e que sempre serás. Assim como o Cristo, Projeta tua sombra sobre nós, Palácio Imperial! Apazigua nossa alma jovial e irresponsável, E continua a sustentar os alicerces de nossa Pátria Com as tuas paredes.   Fred

Nossa Terra

Os séculos passam. No entanto as palmeiras  Sobrevivem, Assim como os sabiás.  Parecem até ignorar as loucuras e paixões desse povo.  Não lhes tocaram os rios de sangue e lágrimas  Ao longo da história.  Estão todas bem assentadas nesta terra  Enquanto os sabiás cantam alegres, cheios de esperança.  A filosofia nos mata, Assim como as teorias econômicas.  Nós digladiamos nas ruas da cidade,  Ameaçamos os campos.  Blasfemamos contra a terra que nos acolhe,  A maldizemos como a uma mãe que abandonou  Sua prole, mas não!  Apesar dos movimentos humanos,  Nossa terra continua forte.  Sustenta as florestas e montanhas  Corre inabalável no seu seio a água límpida das cachoeiras.  Passará pelas tempestades  Do nosso coração bravio  E nossas torrentes de poder e horror.  Frederico Ferreira. Nota: Texto publicado no endereço https://coracaorevolto.blogspot.com/2018/08/nossa-terra.html no dia 23 de agosto de 2018.

Democracia

O que parece ser a Democracia?  Fim e não meio?  Gostaria que fosse,  Porém, aquele conto de fadas que todos escutam  E almejam sua materialização,  Não é senão motivação filosófica para que  Poucos comandem muitos, E que, a favor do que se acostumou chamar de “bem comum” – que quem afinal? –  Somos obrigados a obedecer cegamente.  A Democracia não é apanágio de leis,  De emaranhados de conceitos  Em que poderosos se apoiam para justificar  Benefícios, solturas  De prisioneiros,  Aumentos de seus próprios salários.  Não! Democracia é vontade da maioria,  Seja ela absoluta ou não.  Eu ouço conversas de gente espantada.  Como entender, portanto, estes acontecimentos?  Como ficar neutro e deixar correr o sangue  Misturado com lágrimas, A vista turva embrulhada pela treva do negativismo,  Apenas atingida pelos raios do porvir  Que, pelos ocorridos recentemente, nada trouxeram senão  Trevas e tempestade,  Confrontos e um país dividido.  Como somos manipulados! 

A granja

Num imenso balcão, Embora ventilado e cheio de verde à sua volta, Galinhas disputam. Este é um ambiente diverso do que se vê normalmente. Não são todas iguais, brancas. Há galinhas de todos os matizes: vermelhas, pretas,         marrons, brancas. No seu linguajar monossilábico, Parecem discutir. Uma tenta cacarejar mais alto do que a outra. Estufam o peito. Batem asas. Brigam entre si, querendo dar razões às suas ideias, Quando não percebem que são todas elas,           simplesmente, galinhas.           todas, condenadas, à princípio. Um homem de botas as visita. Veem nele um tipo estranho:           O homem que traz a comida           e a água — o que o transformou em seu líder. Ele também anota números em uma placa, Como que em uma contagem regressiva para o abate. Elas, porém, não desconfiam de nada, Porque veem as palavras, mas não as entendem. Elas veem os números, mas não sabem contar. Ninguém ensina galinhas a ler.

Nas ruas desertas do meu sonho

Nas ruas desertas do meu sonho, o gigante dorme. Ninguém lá está, senão os mendigos. Miséria carregada de tristeza e abandono, Como fantasmas vivos De mãos sujas e alma turva. A rua é sua penúltima morada Antes da morte definitiva. — Se é que podemos afirmar que estão vivos. A bebida os consome por dentro, Mas é a droga que os enlouquece,           que os cerra na sua loucura, Onde não há fome ou frio. Aceitam, assim, a viagem sem volta. Nas ruas desertas do meu sonho, o gigante dorme. Dorme porque sua alma está entorpecida. As contas para pagar,           os impostos — muitos impostos, O medo do desemprego,           a violência, Entorpecem a alma do meu país. Ninguém olha para a janela ao lado. Sequer abrem a janela do carro Para ver o que se passa           com os mendigos           — Que ninguém quer ver. Nas ruas desertas do meu sonho, o gigante dorme. E, enquanto dorme, O dinheiro some — ou dizem que some. Os risos daque

Vagas Tristes

Prestai atenção! Não escutais ainda ao longe o rumor das vagas a bater nos cascos dos negreiros? Suas espumas rebatem sobre nós como lágrimas tristes. Os grilhões não existem mais, mas ainda pesam sobre a nossa história. Os açoites já não ferem a carne, mas estalam como palavras que doem na alma. Coragem irmãos, coragem! Lembrai-vos dos vossos antepassados que lutaram pela liberdade a qualquer custo. E agradecei à ciência que, a despeito de nossa soberba e arrogância, Nos colocou todos em pé de igualdade. Não vos enganeis. Não estais sozinhos. Junto de vós há outros irmãos em humanidade Que lamentam profundamente o vosso passado de dor e miséria; Que se envergonham deste vexame histórico, - A subjugação de um povo por outro - Da mentira secular da superioridade calcada na visão de superfície, Quando na essência, somos todos apenas humanos. O vosso trabalho agora é para o futuro. Plantai as sementes hoje que florescerão amanhã. Sede honestos convosco mesmos, Não vos