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Mostrando postagens de janeiro, 2018

A granja

Num imenso balcão, Embora ventilado e cheio de verde à sua volta, Galinhas disputam. Este é um ambiente diverso do que se vê normalmente. Não são todas iguais, brancas. Há galinhas de todos os matizes: vermelhas, pretas,         marrons, brancas. No seu linguajar monossilábico, Parecem discutir. Uma tenta cacarejar mais alto do que a outra. Estufam o peito. Batem asas. Brigam entre si, querendo dar razões às suas ideias, Quando não percebem que são todas elas,           simplesmente, galinhas.           todas, condenadas, à princípio. Um homem de botas as visita. Veem nele um tipo estranho:           O homem que traz a comida           e a água — o que o transformou em seu líder. Ele também anota números em uma placa, Como...

Nas ruas desertas do meu sonho

Nas ruas desertas do meu sonho, o gigante dorme. Ninguém lá está, senão os mendigos. Miséria carregada de tristeza e abandono, Como fantasmas vivos De mãos sujas e alma turva. A rua é sua penúltima morada Antes da morte definitiva. — Se é que podemos afirmar que estão vivos. A bebida os consome por dentro, Mas é a droga que os enlouquece,           que os cerra na sua loucura, Onde não há fome ou frio. Aceitam, assim, a viagem sem volta. Nas ruas desertas do meu sonho, o gigante dorme. Dorme porque sua alma está entorpecida. As contas para pagar,           os impostos — muitos impostos, O medo do desemprego,           a violência, Entorpecem a alma do meu país. Ninguém olha para a janela ao lado. Sequer abrem a janela do carro Para ver o que se passa           co...